"Apesar
de todas as vozes que encorajam as pessoas a “viverem uma vida autêntica, se
casarem com parceiros autênticos, trabalharem para um chefe autêntico, votarem
num presidente autêntico”, ser verdadeiro geralmente é um erro."
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Esta é uma das frases do artigo abaixo que transcrevi para o
"Viver Magazine". Me chamou a atenção o título, que dá logo um wazari no precioso conceito de
"autêntico". O que é isto? Perguntei, referindo-me ao artigo e logo
me pus a ler o texto. Novamente fui beber na fonte do New York Times( via Folha
de São Paulo, à época). O autor é Rob Todd que é um colunista e editor do NYT.
Ao conhecer o pensamento dele lembrei imediatamente de um monte de
pessoas que conheço e não perdem a oportunidade de se auto rotularem como
"autênticas". Gostaria que eles e elas pudessem ler o texto abaixo,
com o qual, diga-se de passagem, concordo na plenitude.
Estou há muitos anos, muitos mesmos, no negócio de gerência e gestão e
meu foco sempre foram as pessoas. Principalmente os iniciantes nas artes e
artimanhas corporativas. Conforme minha vivência e experiência foram
aumentando, fui me afastando e evitando cada vez mais os
"autênticos".
Uma das minhas frases favoritas na vida ensina que "Se alguém
pedir para você ser sincero... Não acredite!" Quando entendi isso e vi que
era verdade adotei o comportamento e nunca me arrependi. Quando puder e tiver
que ser sincero, simplesmente seja, sem que alguém precise lhe pedir ou se sinta obrigado a sê-lo.
O texto é excelente porque coloca a questão no foco exato, pelo
menos para mim. Como esse é um blog para que eu expresse minhas opiniões, aí
está.
Realmente não acho que ser autêntico, no sentido de dizer o que pensa
custe o que custar; ou comportar-se à margem dos padrões sociais de forma
deliberada seja um bom caminho para se ter sucesso na
vida. Ah bem! Se a pessoa não almeja o êxito, e não estou falando só de
fortuna, mas de felicidade, tudo bem. O livre arbítrio está aí para isso mesmo.
Como diriam meus avós, "Nem tanto ao mar, nem tanto à terra".
Ser sincero consigo mesmo é a chave para se viver bem e alcançar seus
resultados positivos. Ninguém quer saber das "verdades autênticas" de
ninguém. Para as pessoas (jovens principalmente) que ainda
aceitam alguma influência, ensino que, como diz o título do
post, ser um "autêntico não é para quem quer, é para quem pode!"
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Prezar pela autenticidade pode ser uma cilada
O que é preciso para encontrar o seu verdadeiro eu?
Alguns alertam que é um eu a ser superado ao invés de almejado (Filippo
Massellani para The New York Times)
POR ROBB TODD
A autenticidade pode ser uma das mais valiosas moedas em circulação.
Os “millenials” a buscam nas redes sociais, feito políticos em campanha.
Mas para viver uma boa vida — ou ganhar uma eleição — provavelmente o
melhor é não ser quem você realmente é.
“Estamos na Era da Autenticidade, na qual ‘seja você mesmo’ é o
conselho definidor para a vida, o amor e a carreira”, escreveu Adam
Grant, professor da Universidade da Pensilvânia, no “New York Times”.
“Autenticidade significa eliminar a distância entre o que você acredita
firmemente por dentro e que você revela ao mundo exterior.”
Mas ele aconselha não fazer isso.
Apesar de todas as vozes que encorajam as pessoas a “viverem uma vida
autêntica, se casarem com parceiros autênticos, trabalharem para um
chefe autêntico, votarem num presidente autêntico”, escreveu ele, ser
verdadeiro geralmente é um erro.
“Todos nós temos pensamentos e sentimentos que acreditamos serem
fundamentais para nossas vidas, mas que é melhor que não sejam ditos.”
Segundo ele, a sinceridade, em vez da autenticidade, é um objetivo
melhor, porque as pessoas só se importam realmente “que você seja
coerente com o que sai da sua boca”.
Donald Trump foi autêntico ao comer tacos para comemorar o 5 de maio,
data cívica da comunidade mexicana nos EUA? E o frasco de molho picante
que Hillary Clinton diz manter na bolsa, como Beyoncé?
“Estamos tão acostumados a ver os políticos afinando cuidadosamente
suas personalidades ‘autênticas’ que qualquer coisa que pareça permitir
uma identificação provavelmente é identificável demais para ser
verdade”, escreveu Jennifer Szalai no “NYT”.
Ela salientou que a autenticidade está sujeita ao contexto da época em que vivemos.
A autenticidade foi reimaginada como uma coisa bonita que pode ser
encontrada com um pouco de busca interior profunda. Szalai escreveu que a
autenticidade se tornou desejável, “e desejável significa
comercializável, especialmente numa sociedade tão implacavelmente
comercial como a nossa”.
O atual mercado da autenticidade alimenta as vendas de livros de
autoajuda e de praticamente qualquer coisa que seja descrita como
“personalizada”.
Nenhuma palavra serve tanto como um alerta de que o produto à venda
não vale o que custa, a não ser que seja um terno de alfaiataria.
“É parte do golpe da autenticidade”, disse ao “NYT” Paul Riccio, que
dirigiu um vídeo satírico sobre a água “personalizada”. “Chamar algo de
personalizado automaticamente permite que você aumente seu preço em US$
50 (R$ 160).”
O mesmo golpe também beneficia vários livros de autoajuda. Textos
antigos voltam a ganhar popularidade porque muita gente está sedenta por
conhecimento. Mas essas traduções frequentemente são mal apropriadas e
mal interpretadas.
“Às vezes as pessoas veem o taoísmo como uma forma de ‘ajudar a se
encontrar e a viver bem no mundo’”, disse Michael Puett, professor de
Harvard, ao “NYT”.
“Mas essas ideias não dizem respeito a olhar para dentro e se
encontrar. Dizem respeito a superar a si próprio. São, de certa forma, a
antiautoajuda.”
A verdade nem sempre é um lugar bonito. Puett alertou que, nessa
busca, muita gente acaba encontrando algo a ser superado ao invés de
abraçado: um tumulto interno decorrente de hábitos ruins. Para a maioria
de nós, seri melhor alterar o nosso comportamento e nos concentrar mais
em como interagimos com os outros.
Grant concorda que deveríamos nos preocupar mais em como nos apresentamos e como aspiramos a ser o que dizemos ser.
“Ao invés de mudar de dentro para fora, você traz o exterior para
dentro”, escreveu ele, salientando: “Ninguém quer ver o seu verdadeiro
eu”.
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